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domingo, 17 de janeiro de 2010

:: Crumb ::


:: ROBERT CRUMB ::

"Robert Crumb has shocked, entertained, titillated and challenged the imaginations (and the inhibitions) of comics fans the world over. In truth, alternative comics as we know them today might never have come about without R. Crumb’s influence — the acknowledged “Father” of the underground comics could also be considered the “Grandfather” of alternative comics. --- THE WACKY WORLD OF R. CRUMB"

"His status as the bull-goose legend of underground cartooning meant that in the early '90s he was able to trade six of his sketchbooks for a house in the South of France. But Crumb's career has never been about maximizing financial possibilities -- that would mean signing on with mainstream pop culture, which Crumb, of course, despises. In fact, Crumb's repeated rejection of commercial opportunities (he once turned down an offer to do a Rolling Stones album cover because he hated the band) marks him as one of the last remaining exemplars of the egalitarian '60s hippie ethos he came to represent for so many people. There's only one problem with this -- Crumb despised the '60s hippie ethos he came to represent for so many people. And the '70s sucked even worse and he's not that enthused about drawing and he really hates Bruce Springsteen. "The only burning passion I'm sure I have," he once said, "is the passion for sex."" --- SALON


"Crumb" (1994), documentário de Terry Zwigoff sobre a vida e a obra do Robert Crumb, é uma iguaria fina tanto para aficionados pelo cara quanto para leigos (que ao fim do filme estarão certamente tarados por conhecer as HQs do mestre). Zwigoff é célebre por suas adaptações de quadrinhos pra telona: além de ter assinado a direção de Ghost World, de Daniel Clowes, (primeiro filme estrelado pela Scarlett Johansson), também fez Fritz The Cat, do próprio Crumb.

O documentário, apesar de ser um puta dum tributo/homenagem ao Robertinho Migalha, é ótimo por não se reduzir à pagação-de-pau. Terry, além de biografar sem cu-doce o Crumb e sua família, coleta declarações de muita gente que desce o cacete no cara chamando-o de machista, racista, pessimista, misantrópico, perverso, pornográfico, sexista, entre outros xingamentos piores que não fica bem compartilhar aqui, neste espaço-de-família que é o Depredando o Cinema.


Mas Crumb demonstra ser uma figuraça: dum bom-humor imperturbável, uma sinceridade totalmente desconcertante e um jeito-de-ser todo peculiar. Este é um daqueles filmes que nos faz desejar que ele durasse umas 4 ou 5 horas --- só pra poder ficar na presença daquelas pessoas tão cool que tão ali na tela... E é o tipo de filme que prova que certos seres humanos são muito mais fascinantes do que qualquer personagem de ficção jamais vai conseguir ser. Sim: Robert Crumb, o homem, chega a ser uma figuraça mais figura que qualquer de seus personagens...

A Família Crumb, que temos a impagável honra de conhecer, é também uma das mais bizarras que eu já conheci - rivaliza com os Osbournes, os Simpsons, ou os malucos do Sitcom do François Ozon. É só dizer que um dos irmãos Crumb tentou se suicidar tomando uma frasco inteiro de LUSTRA-MÓVEIS. Amarelou na última hora e gritou pra mamãe que precisava ir pro hospital ter o estômago esvaziado. Exemplinho dois: o outro irmão Crumb é um lunático zen-esquizofrênico que passa horas "meditando" sentado numa CAMA DE PREGOS e mastigando um barbante (!!). Foi isso o que eu achei o mais engraçado de tudo: o Robert Crumb, uma figura pra lá de bizonha, é o mais normalzinho da sua família.

Também fiquei com a impressão de que o Crumb é mais que um cara que desenhou uns quadrinhos: ele é um Artista com A maiúsculo, que usou seus dons para o desenho para expressar, sem concessões e sem polidez ("I'm not here to be polite!"), tudo o que sentia, mesmo suas fantasias sexuais mais bizarras e seus medos inconscientes mais inconfessáveis. A certo ponto do filme, ele confessa: "Não tenho nada para dizer em minha defesa. Só espero que dizer a verdade sobre mim possa ajudar alguém de alguma maneira..." Foi isso o que Crumb fez em seus quadrinhos: registrou com perfeição seus estados mentais, suas obsessões, suas manias, suas taras; lançou pro papel toda sua alma, inclusive as partes mais imundas.

Deu pra perceber muito bem que o cara tá longe de ser um modelo de virtude, mas os grandes artistas raramente o são, ao contrário do que muitos pensam --- e mesmo assim merecem ter suas obras experimentadas, ainda que como homens fossem pouco admiráveis. Como lembra bem um dos entrevistados do documentário, um cara como o Céline, mesmo que tenha sido um anti-semita fervoroso e um simpatizante do fascismo, não deixa de ser um dos grandes escritores do século 20. Do mesmo modo, o Crumb, que consegue ser altamente misantrópico e obsceno, não deixa de ser por isso um dos grandes artistas da história das HQs.

Descolamos abaixo um torrent do doc de Terry Zwigoff. Também descolamos os scans do álbum Blues (lançado no Brasil via Conrad). Além disso, disponibilizamos o álbum musical "Robert Crumb's Heroes of Blues, Jazz & Country", CD que acompanha o livro de mesmo nome no qual Crumb reuniu mais de 100 retratos de músicos e cantores do século 20. São só gravações poeirentas de 1930 e lá-vai-fumaça: pepitas selecionadas especialmente pelo cara e que constituem um mui-responsa "prediletas da casa". Pra quem quer ir além de Robert Johnson, Leadbelly e Hank Williams e explorar mais a fundo as raízes profundas da música norte-americana. Voilà!




DOC EM TORRENT [ 1.4 GB, 2 CDs ]


DISCO:
http://www.mediafire.com/?mluewojnhmm
[ 21 faixas, 192 kps, 80 mb ]

3 comentários:

  1. Eu sei que já perguntei isso antes, mas... o que é cool?

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  2. Cool é pura polissemia! É "trimmassa", é "genteboa", é "sanguebão", é "estar numa bowa", dentre outras designações que fazem a palavra ser a segunda mais versátil da língua inglesa - atrás somente de "fuck". =)

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  3. Muito bom o Documetário do Crumb, mas onde eu posso encontar a legenda e como faço pra coloca-lá no video?
    valeu

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