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domingo, 8 de agosto de 2010

:: se minha retina fosse máquina fotográfica... ::

Terrence Malick.
Days Of Heaven.
(1978)



Piro na fotografia dos filmes do Terrence Malick: assisto-os apertando o pause a toda hora para poder contemplar com mais vagar a beleza (por vezes trágica e pungente, outras suave e idílica...) de suas imagens. E numa dessas peregrinações alegres que fizeram os meus olhos sobre elas, fiquei desejando que minha retina fosse máquina fotográfica: eu então dispararia um click cerebral algumas dúzias de vezes durante a projeção de seus filmes, criando depois álbum mental de fotografias...

E aí eu percebi que esta fantasia não é tão irrealizável assim, tendo em vista que uma das vantagens da tecnologia que hoje temos disponível é a facilidade na transposição entre mídias (por exemplo, de um DVD podem-se extrair infindáveis JPEGS, facilmente publicáveis em Flickrs, Picasas, Orkuts, Facebooks e blogs... ). Tive então a idéia de inaugurar uma série de posts essencialmente visuais aqui pro Depredando o Cinema. Menos crítica de  cinema que exposição de fotografias. Menos verborrágicos e mais contemplativos. Que ofereçam mais alimento para os olhos do que para o raciocínio.

((( Acho que eu preferiria poder assistir filmes com home theather, surround sound e barras de chocolate fino, e com a bunda num sofá que fosse mais simpático com as nádegas do que a única cadeira que tenho no meu quarto. Mas há uma vantagem (ainda que mixuruca...) em ser um  pobre universitário destrampado, que não tem televisão nem DVD (sequer tem sofá!), e que assiste filmes em seu valente PCzinho-carroça e monitorzin de modestas 14 polegadas... o fato d'eu estar sempre bem perto do Print Screen! )))

Começo esta série de "álbuns" dedicados a alguns de meu pet-movies por um cineasta que me fascina sobretudo por sua fotografia: Terrence Malick. Dias de Paraíso é seu 2º filme. É uma obra cinematográfica daquela fina estirpe das que a gente assiste com o mesmo prazer que temos ao ler um belo romance histórico, algo do naipe de John Steinbeck, William Faulkner ou Émile Zola.

Cinco anos antes, Malick estreava de modo ousado e polêmico com Badlands - Terra de Ninguém (1973), outro colírio. Neste clássico americano setentista, o diretor americano fez a crônica de um amor entre um fora-da-lei e sua namorada (Martin Sheen e Sissy Spacek) num road-movie que cai bem na linhagem de Bonnie & Clyde (de Arthur Penn), Thelma & Louise (de Ridley Scott) e Assassinos Por Natureza (de Oliver Stone).

Depois de sua belíssima segunda obra, este Days Of Heaven, que conta com uma atuação magnífica do Sam Shepard, Terrence Malick demoraria mais de 20 anos até retornar com um novo filme. Mas faria jus às duas décadas de incubação com Além da Linha Vermelha (1998), um dos mais lúcidos filmes já feitos sobre a guerra e os horrores do militarismo. E que mereceria (qualquer dia desses, quem sabe role!) um álbum depredístico só dele, sem falar numa resenha poética que tentasse desvendar seus muitos mistérios...

Malick: assistam e deixem suas retinas (e corações...) seguirem os estranhos e conturbados rumos a que nos arrastam essas poderosas imagens e enredos!...

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