Com Dez Dias Que Abalaram o Mundo, o jornalista americano John Reed registrou para a eternidade, no calor da hora, a crônica da Revolução Soviética de 1917. Com Reds (1981), Warren Beatty reconstituiu romanticamente sua saga, em pleno radicalismo de direita da era Reagan.
Reds talvez seja o maior dos épicos fílmicos de esquerda - ao menos, dos bancados por Hollywood. Cinematograficamente, nada fica a dever, em ritmo e páthos, aos melhores momentos de um David Lean (Lawrence da Arábia, Dr. Jivago). Politicamente, é menos ingênuo do que parece - registrando as vilanias internas ao processo, entre os comunistas russos e americanos, e o próprio desencando de Reed com os rumos da revolução que tanto propagandeou.
Beatty discute a um só tempo dois mitos: o da revolução libertadora de todos os homens e o do amor absoluto de um casal. Reservou-se o papel de John Reed e escalou corajosamente Diane Keaton para viver a ousada mas volúvel Louise Bryant. O resultado é um dos pares mais convincentes das telas.
Beatty discute a um só tempo dois mitos: o da revolução libertadora de todos os homens e o do amor absoluto de um casal. Reservou-se o papel de John Reed e escalou corajosamente Diane Keaton para viver a ousada mas volúvel Louise Bryant. O resultado é um dos pares mais convincentes das telas.
Henry Miller |
Há muitos outros personagens de antologia. Jack Nicholson e Maureen Staplenton injetam humanidade aos mitos Eugene O'Neill e Emma Goldman. O Zinoviev de Jersy Kozinsky (o algo esquecido e muito subestimado escritor polonês) é um acabado retrato de homem do partido.
Outro grande achado é a pontuação da narrativa ficcional por trechos de depoimentos de contemporâneos de Reed. Entre outros, lá estão um filho de Kerensky, o historiador Will Durant e os escritores Henry Miller, Rebecca West e Adela Rogers St. John, como que saídos dos diários de Edmund Wilson daquele período.
Beatty dá conta, assim, de vastas emoções e pensamentos imperfeitos. Reds é um filme de idéias, um épico histórico, um melodrama político - extremamente eficaz em todos esses registros, mesmo depois do furacão de 1989. Rodado às vésperas (em tempo histórico) da glasnost e da queda do Muro, é um belo testamento de nós que amávamos tanto a revolução.
AMIR LABAKI
(Coleção Ilha Deserta - Filmes, Ed. Publifolha, Pg 52-53.)
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(Bluray Rip, 720p, HD, 2.25 GB)
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